sábado, 30 de janeiro de 2010

A Bomba no Niassa

Para todos nós que íamos para um cenário de guerra, durante a nossa instrução já tínhamos assistido a rebentamentos de granadas, morteiros etc. mas sempre em situações controladas.

Este rebentamento para todos os presentes foi, surpresa seguida de um descontrole, mas para quem preparou a acção foi controlo completo.

O local onde foi colocado o engenho explosivo assim como a hora da sua detonação foi de tal forma feito a não permitir qualquer baixa, mas não evitou a perda, total ou parcial das bagagens dos companheiros que iam nesse porão.

A explosão verificou-se num dos porões mesmo junto da linha de água, fez um rombo de cerca 80cm nas duas chapas de ferro.

Depois do navio estar completamente evacuado, foi adernado por forma a evitar entrada de água no porão e entretanto começaram a reparação do rombo na parte exterior.

Até à meia noite tivemos de embarcar e na manhã seguinte quando acordamos estávamos no meio do Tejo junto à Ponte.

Neste dia tive oportunidade de me deslocar ao local da deflagração e verifiquei os estragos que provocou.

O rombo interior estava a ser reparado nesta altura.

Na manhã do dia 11 de Abril quando acordámos já navegávamos em alto mar.

Até breve.

Bernardo





De seguida texto retirado de http://guerracolonial.org

A ARA, vinculada ao PCP, iniciou as acções militares em Outubro de 1970 e, até Agosto de 1972, realizou cerca de doze acções de grande impacto.
As mais importantes foram a destruição de material da Força Aérea (helicópteros e aviões) na Base Aérea de Tancos, em 8 de Março de 1971, e o atentado, em Outubro do mesmo ano, contra as instalações do quartel-general do Comiberlant, em Oeiras.
As acções armadas das BR iniciaram-se em 7 de Novembro de 1971, com a sabotagem da base da NATO de Pinhal de Arneiro, sendo a última realizada em 9 de Abril de 1974, contra o navio «Niassa», que se preparava para sair de Lisboa com tropas para a Guiné. Acção de especial importância efectuada pelas BR foi a bomba colocada no Comando Militar de Bissau, em 22 de Fevereiro de 1974, naquela que foi a única acção realizada nas colónias.
Importante ponto de inflexão na contestação à política colonial do regime ocorreu em 1973, quando sectores da finança e dos negócios, das classes médias e do movimento operário se puseram, finalmente, de acordo quanto à independência das colónias, poucos meses antes do 25 de Abril. Foi assim que a Ala Liberal, em Julho de 1973, defendeu a autodeterminação do Ultramar e, dois meses mais tarde, as direcções do PCP e do PS assinaram o acordo sobre o princípio da independência das colónias e da negociação com os movimentos de libertação, sendo esta a primeira vez que os representantes da oposição convergiram em relação à questão colonial.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Embarque no Navio NIASSA em 09/04/74


O dia 9 de Abril de 1974 ficou profundamente marcado por todos os militares que estavam no navio Niassa, na altura encostado no Cais de Alcântara e assim como todos os que se encontravam na plataforma ou na varanda da Gare Marítima, a aguardar a partida que estava marcada para as 18 horas.

Às 17 horas já o embarque tinha sido efectuado e militares dum lado, familiares e amigos do outro, trocavam gestos e sons muito característicos destas alturas.

Notei a presença de homens rã a fazer uma inspecção a todo o casco do navio, mas possivelmente seria só uma rotina.

Eram 17 horas e 15 minutos e nos altifalantes do navio era solicitada a presença de todos os Oficiais, no bar da 1ª classe.

No referido bar encontrava-se um Brigadeiro que nos dirigiu a palavra de uma forma que eu por momentos não sabia se estava a partir ou se tinha chegado.

Passados alguns momentos ouve-se um grande estrondo, acompanhado de um balançar do navio.

Rapidamente saímos para o exterior e deparo com a maior gritaria e situações de pânico, que jamais tinha presenciado.

Todo o Navio foi evacuado e só na altura que todos os militares chegaram ao pé dos seus familiares e amigos, é que a situação ficou mais calma.

segue...

domingo, 24 de janeiro de 2010

1ª Companhia

Batalhão Caçadores 4610/73


1ª Companhia


1. Formamos Batalhão no Regimento de Infantaria de Évora ( RI - 16 )
2. Mobilizados para a GUINÉ
3. Embarcamos no NIASSA, 9 de Abril de 1974
4. A BOMBA que explodiu momentos antes do navio se fazer ao mar
5. A chegada a BISSAU
6. O CUMERÉ
7. O 25 de ABRIL de 1974
8. A segurança em BISSAU pós 25 de Abril
9. O Batalhão destacado para PICHE
10. CANCLIFÁ
11. CAMAJABÁ
12. BURUNTUMA
13. O ultimato feito pelo PAIGC
14. O regresso a PICHE, juntar ao Batalhão
15. O regresso a BISSAU
16. A liquidatária em BISSAU
17. Batalhão destacado para BULA
18. 1ª Companhia em NHAMATE
19. O regresso a BISSAU
20. Terminar a Liquidatária
21. Segurança em BISSALANCA
22. A Saudação ao Governador o agora Tenente Coronel Sr. Carlos Fabião
23. Saída de Bissau na navio UIGE
24. A viagem
25. A Chegada




Criei estes Capítulos que poderão ser aumentados e ou subdivididos para ajudar os companheiros a lembrar situações que possam ter presenciado e queiram partilhar.


Para tal basta escrever e publicar aqui no Blog



1º Pelotão da 1ª Comp. Bat. Caç. 4610/73



1º Pelotão do Batalhão de Caçadores 4610/73

Alferes: Bernardo
Furriel: Teixeira
Furriel: Tavares

Arlindo G Galvão, Augusto L Bernardino, António O Oliveira,Manuel H Pinto, José J M Florindo,
José Manuel R Constantino, Leonel R Damião, Alexandre Augusto G Rocha, José Machado Leal, Alfredo S Pereira, Américo Coelho, José N Patricio, Silvino S Silva, Fernando S Silva, António T Rodrigues, António L Santos, Manuel G Fernandes, Francisco José S Nunes

Os Oficiais da 1ª Companhia



Os oficiais da 1ª Companhia:
Capitão: Machado
Alferes 1º Pelotão: Bernardo
Alferes 2º Pelotão: Freitas
Alferes 3º Pelotão: Lopes da Silva
Alferes 4º Pelotão: Matos

domingo, 17 de janeiro de 2010

Tudo tem o seu começo...


Meus caros companheiros,

Tenho pouca experiência em bloggs e este é o primeiro em que me aventurei, espero que com a colaboração de todos este venha ser um espaço onde possamos, recordar, partilhar e confraternizar.

Este espaço foi aberto por mim, mas os louros devem ser entregues ao 1º Cabo Escriturário da Companhia, Custódio J. V. Rodrigues.

No mês de Outubro fui contactado através da Segurança Social e a pedido do Custódio Rodrigues, que eu entrasse em contacto com ele, razão, reunirmos para um almoço de confraternização.

Desde essa data temos tentado enriquecer a nossa lista de contactos.

Eu tenho em minha posse 4 folhas, que foram escritas no UIGE, com as moradas de então, de todo o 1º pelotão e mais alguns companheiros.

O Custódio já tem alguns contactos e agora vamos juntar esforços por forma a que na primeira reunião possamos ter um número considerável de companheiros.

Não é muito fácil localizarmos companheiros com moradas com mais de 35 anos, mas ou pela junta de freguesia, por telefone, um vizinho, vamos tentando...

Junto a este texto, eu e o cabo Custódio Rodrigues (esta foto foi tirada na secretaria em Nhamate quando eu estive interinamente a comandar a Companhia).

A pouco e pouco tentarei digitalizar e colocar no blogg todas as fotos que possuo.

Por hoje foi dado o primeiro passo e espero que a caminhada seja muito longa.

Com os meus cumprimentos

Bernardo
Alf. Mil